June, 2018

Junho, 2018

Querido Oliver,

Eu sonhava que você nasceria um bebê loirinho, talvez porque seu pai seja tão branco e tenha esses traços. Imaginava um bebê bem gordinho e loiro, sorridente. Mas a combinação entre seu pai e eu resultou numa criança incrivelmente fofa, com olhinhos escuros e inteligentes, de pele branquinha e peludinha. Seu cabelo é de uma cor intermediária entre a cor do meu cabelo e o do seu pai.

Não que muita gente diga que somos parecidos. Na verdade, muita gente não aparece por aqui faz bastante tempo, as visitas diminuíram. Eu não reclamo porque eu também nunca gostei muito dessa coisa maternal, de mães falando horas sobre seus bebês excepcionalmente lindos. E também tem o fato de que você chora quase o tempo todo, e eu ainda não consigo me arrumar de forma apresentável ou ter ânimo para bajular visitas. Mas ta tudo bem. Alguns dias somos só eu e você em casa. E acho que to aprendendo a gostar disso também.

Apesar da rotina não ser mais a mesma, você é um lembrete de que minha vida não foi em vão. Não digo isso com a pretensão de dizer que uma mulher que não tenha filhos não tem uma vida significativa. Porém é uma sensação única de que mesmo que eu faça algo memorável, você ainda será a coisa mais maravilhosa que eu já fiz.

te amo

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June, 2018

Dear Oliver,

I dreamed that you would be born a blond baby, maybe because your father is so white and has these traits. I imagined a very chubby and blond baby smiling. But the combination between your father and me resulted in an incredibly cute child with dark, intelligent eyes and white, furry skin. Your hair is an intermediate color between my hair color and your father's.

Not that many people say we look alike. In fact, a lot of people haven't been here for a long time, visits have decreased. I don't complain because I've never really liked the maternal thing either, mothers talking for hours about their exceptionally beautiful babies. And then there's the fact that you cry most of the time, and I still can't make myself presentable or have the heart to fawn over visitors. But it's okay. Some days it's just you and me at home. And I think I'm learning to like it too.

Although the routine is no longer the same, you are a reminder that my life was not in vain. I don't say this to imply that a woman who doesn't have children doesn't have a meaningful life. But it's a unique feeling that even if I do something memorable, you'll still be the most wonderful thing I've ever done.

Love you